RSS Feed

domingo, 23 de agosto de 2009

Dia 10: Dia calmo...

Hoje de manhã o dia acordou com excelente tempo e quase perfeito para uma Maratona, como a disputada. O Edgar e a Joana aproveitaram para fazer um pouco de Geocaching pela cidade e conhecer mais alguns locais enquanto o Telmo e o Filipe dirigiram-se para o estádio para reservar material fotográfico e confraternizar um pouco com mais alguns portugueses que se encontravam. É impressionante a quantidade de pessoas que se deslocaram para assistir à maratona e que reflecte bem a mobilização dos berlinenses a estes mundiais. Após todos terem chegado, foi tempo de trabalhar sobre uma prova histórica dos portugueses, o 4º lugar na Taça do Mundo da Maratona.

Depois, foi tempo de ir almoçar algo com compras, num Supermercado perto do hotel da Selecção Nacional, e pelo meio encontrar Nelson Évora, Marco Fortes e João Ferreira, perdidos em busca da Alexander Platz (tenrinhos, comprovou-se que não têm saído muito do hotel). Depois de um certo mau aspecto, a comer mesmo junto ao supermercado e matar algumas vespas (sim muito chatas…) e voltámos até à pista. O Telmo e o Filipe aproveitaram para fazer umas compras na loja da Adidas, um casaco dos Mundiais, no qual tivemos um grande desconto! O trabalho durante a sessão da tarde, não reservou nada de especial, sem ser trabalhar para a actualização do site.

Amanhã é o último dia de competições e o nosso penúltimo dia em Berlim. Tem sido uma experiência fantástica para todos, com muita aprendizagem pelo meio.

Dia 9: Trovoada em terra, tempestade na pista

Acordámos ontem às 7h da manhã com uma enorme trovoada em Berlim, uma das maiores que tenha sentido e que nos surpreendeu pela violência e pelos “danos” provocados nos atrasos de provas e na performance das mesmas e também por nos ter acordado aquela hora. A prova de marcha foi até “corrida” com tempo relativamente seco, após um abrandar das más condições atmosféricas, mas depois foi a chover que a imprensa teve de fazer as entrevistas, o que não deixou de ser desagradável.

Entretanto fomos almoçar e conhecer o Sony Center, uma praça coberta, rodeada de um imponente edifício, com lojas, restaurantes e escritórios. O almoço, foi um almoço, cortando com a alimentação menos boa dos últimos dias e isso reflectiu-se nos preços. O Edgar e a Joana optaram por uma salada de frango, enquanto que o Filipe e o Telmo por um bom hambúrguer bem condimentado. Na hora do pagamento, a conta certa teve da nossa parte um pagamento certo e teve da parte da empregada a seguinte frase: “Thank you for the tip, as usual!“, o que é uma frase potente e que ficou na nossa memória, como uma das melhores expressões ouvidas em Berlim.

Na pista, na sessão da tarde, uma enorme chuvada, a apanhar a parte final da qualificação da Naide, obrigou um adiamento, em quase uma hora de todas as provas que se seguiram, tal era a intensidade da chuva e as possas que se foram formando na pista, um cenário que também nunca tinha assistido ao vivo. Entretanto, foi tempo de aproveitar para comer mais um hot dog.

Chegados à cabana, ainda foi tempo de alguns elementos tomarem um bom banhinho, enquanto outros arrocharam na caminha.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Dia 8: Os bichos de Berlim

A reflexão de hoje prende-se com os bichos de Berlim, uns mais chatos que outros.

Tem sido uma constante em Berlim e a qualquer sítio que a gente se desloque, desde vespas a bichos estranhos, passam a vida a circular-nos, mas sem morder. Estão naquela época chata, muito chata em que estão ‘moles’.

Por exemplo, no outro dia o Edgar e o Telmo estavam no Centro de Imprensa a trabalhar para conteúdos do Atleta-Digital, quando vêem pousar uma mosquita pequena numa folha de papel. Pegámos na folha, a mosca não fugiu; demos voltas e mais voltas à folha, a mosca não saiu do mesmo local; Soprámos, a mosca não fugiu; Acabou por sair por cair, enquanto demos umas voltas com mais velocidade à folha.

Mas o que existe mesmo mais são vespas, pelo que, em tom irónico, questionamos o porquê da mascote ser um Urso, o Berlino! E porque não uma vespa chamada Berlina?!.

Como falo de bichos de Berlim e considerando a mascote destes Mundiais como um ‘bicho’, à que dizer que o animador que tem estado dentro da mascote tem feito um papel fundamental para animar público e atletas, fazendo da mascote aquilo que ela deve realmente ser, um símbolo de espectáculo e animação para todos. E este Berlino já andou de patas para o ar (foi o lançador alemão o responsável), já imitou a imagem de marca de Usain Bolt, ao lado do próprio e já deve ter tirado milhares de fotografias com pessoas. Esta mascote está ao topo da caixa de areia, no carrinho telecomandado que transporta os engenhos de lançamentos e até a credencial da mascote que anda pela pista, tem a foto, não do animador que lá está dentro, mas do… Berlino. E é toda esta imagem de marca que tem feito disparar as vendas de todo o tipo de merchandising em torno de Berlino, sendo uma importante fonte de receita.

Hoje foi um dia em que decidimos dar a volta de comboio ao Ring mas em sentido oposto e aproveitar para conhecer um pouco mais da cidade, da parte da manhã, aproveitando o facto de apenas termos a participação de Vânia Silva por volta das 14 horas. Estivemos na Alexanders Platz na Media Markt e reparámos o quão enorme aquilo é. Para variar, almoçamos no “M”, um wrap, acompanhado com a bebida do self-service. Escusado será dizer que tivemos de experimentar novamente a teoria do re-fuel. Após o almoço, foi tempo de passar na “cabana” e ir para o Estádio Olimpico de Berlim, com metade da equipa a acompanhar a prestação de Vânia Silva e a outra metade a deslocar-se a uma conferência de imprensa promovida pela Federação Portuguesa de Atletismo.

Pelo meio, enquanto o Edgar e o Telmo faziam a viagem de regresso da Conferência de Imprensa, foi tempo de ir fazer umas compras para a casa e para a Festa da Cerveja que se iria realizar ao fim do dia. Foi tempo ainda de fazer Geocaching, tendo feito uma delas numa estação de comboio abandonada e que em breve entrará em obras, não tendo ido mais cedo para obras por causa da realização deste Mundial.

No final da sessão da tarde, que consagrou Usain Bolt como a grande lenda viva do atletismo, se é que essas dúvidas ainda existiam e que até deu para que um dos voluntários nos viesse falar de Cristiano Ronaldo, só porque éramos portugueses, foi a Festa da Cerveja, com cerveja de borla para todos os Media aqui presentes. Foi também tempo de comer uns pistachos e umas batatas a acompanhar, enquanto bebíamos a cerveja berlinense, que comprovámos novamente ter um sabor muito esquisito, só que desta feita não as pagámos.

Regressámos, depois de alguma sujidade limpa no Centro de Imprensa, para a “cabana”, para amanhã termos mais um dia de intenso e puro atletismo.

Dia 7: Haja exclusividade na vida

Hoje o dia foi normal aqui por Berlim e fomos tendo, por aqui e por ali, vários géneros de exclusividade:

- Fomos exclusivos na entrevista a Sara Moreira no final da sua prova, quando os restantes colegas se encontravam na conferência de imprensa da Naide Gomes, onde dois elementos da equipa foram exclusivamente ouvir a atleta e o seu treinador.

- Estivemos em exclusividade no McDonnald’s, quando fomos pedir gelados e beber mais do que uma vez, quando só pagámos uma delas. Sim, porque aqui pede-se uma bebida e eles só dão o copo, o conteúdo é self-service. E como é óbvio, não pudemos resistir à tentação de fazer um re-fuel :)

- Fomos com toda a certeza os únicos a procurar a Sony Center dentro do Parlamento alemão, quando a Sony Center é do outro lado do mega jardim, gorando uma ida à zona para nada.

- O Edgar foi exclusivo na chegada ao estádio, com um desarranjo intestinal e depois de ter ido à casa de banho mais próxima, encontrar uma fila de senhores a querer usar os sanitários, algo que nunca lhe tinha acontecido na vida (e não foi à casa de banho das senhoras, não).

- Em exclusivo, os jornalistas portugueses devem ter sido dos poucos portugueses a não terem visto o pódio de Nelson Évora, não por desprimor do valor deste pódio, mas porque para os amantes do atletismo verem imagens e lerem declarações, há jornalistas que precisam de abdicar de gostos para oferecer informação.

- Só para nós, que somos portugueses e não percebemos nem italiano, nem alemão, fomos exclusivamente brindados com um menu em alemão, em vez de nos darem um menu em inglês, num restaurante italiano.

- Exclusivamente hoje não comemos salsicha, nem entrámos por qualquer hábito alimentar alemão, antes sim optámos por coisas italianas.

- Em exclusivo o Edgar é o único elemento do Atleta-Digital que tem uma fotografia com o Berlino, a mascote do Mundial, mas por outro lado a Joana é exclusiva porque tem um Berlino em mascote.

- Finalmente e em exclusivo fizemos o primeiro directo a partir de Berlim para a Azeméis FM, depois de ontem a ligação ter falhado por motivos técnicos.

- Na sua exclusividade o Filipe tem usado todo o material e mais algum emprestado pela Canon e o Telmo tem o exclusivo do directo feito na Azeméis FM.

- Exclusivo foi também o bater à porta da cabana vizinha, à uma da manhã, por engano, tendo acordado um senhor bem mal disposto, o que até se compreende.

- A única coisa não exclusiva é mesmo quando se tenta entrevistar com câmaras de televisão, com os operadores das mesmas a responderem mal e “tortamente” que o exclusivo é deles…

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dia 6: A estação da multi-culturalidade

Hoje debruça-mo-nos um pouco sobre alguns dos aspectos da cidade de Berlim, que é um pequeno “monstro” de cidade, ao nível da grandiosidade, como já haviamos comentado há alguns diários atrás.

O comboio tem sido um dos nossos principais aliados, com uma rede de transporte que é excepcionalmente boa e que, como já comentámos entre nós, quase dispensa o uso de carro por parte de quem vive nesta cidade, nós acreditamos. Se olharmos um mapa de Berlim, com as linhas de comboio, metro e autocarro, percebemos rapidamente que isso é uma verdade e não um exagero.

É por isso, que de estação em estação, vamos vendo o conceito de “melting pot”, característico de grandes cidades europeias, pelo que aqui e ali vamos percebendo um pouco do funcionamento desta cidade, dos costumes, do que é eticamente correcto ou incorrecto, do relacionamento humano e de todo o espírito de Mundial nos berlinenses. Comentava com um dos atletas da selecção no outro dia, que para ele perceber o que era Berlim, bastava meter-se no comboio, andar no ‘Ring’ (uma linha circular que tem comboios sempre a circular) e observar a cidade e as pessoas, para conhecer uma boa parte desta cidade e é isso que deixo aqui patente neste texto.

Junto da “cabana” temos uma estação, Heerstrasse, que não é mais do que uma estação com pouco movimento, mas com muitos comboios a passar, já que se encontra imediatamente antes de uma estação, a de “Olympiastadion”, que é, como o próprio nome o indica, a estação que pára mesmo junto do Estádio Olímpico de Berlim. É uma estação grande, com várias linhas, com outra dimensão e outra vida na altura destes Campeonatos. São rios de gente a sair dos comboios, uma imagem que só vimos quando Portugal recebeu o Euro 2004, onde as pessoas invadiam ruas e passadeiras. Várias tasquinhas à porta da estação, onde comemos hoje um belo petisco (um bife de porco muito bem condimentado, no pão – o Telmo virou-se de novo para a salsicha), várias pessoas a tentarem comprar bilhetes de última hora (com cartazes na mão) e outras pessoas a venderem (trata-se, em linguagem técnica, de Mercado Negro) e ainda vespas chatas que circundam as pessoas, sem que até agora tivesse visto qualquer pessoa a ser picada. Hoje também encontrámos um casal de portugueses, provenientes de Lisboa, que veio ao Estádio Olímpico de Berlim ver Nelson Évora actuar, com quem mantivemos um pouco de conversa, já que além de atletas e jornalistas portugueses, falar português em Berlim tem sido uma tarefa impossível, como é óbvio.

E não poderia deixar de comentar sobre a prova de Nelson Évora. Fui sentir qual o ânimo da comitiva antes mesmo da prova do nosso dorsal dourado e sentimos que havia uma grande esperança pelo Ouro e uma grande euforia. Infelizmente o Ouro acabou por não aparecer, mas a Prata é um prémio super merecido para este atleta, que tem qualidades técnicas e físicas completamente fora do comum e, tenho para mim, é uma opinião pessoal, que o Ouro fugiu por um motivo que nunca antes tinha afectado Nelson Évora, o psicológico. Claro que se for perguntar tal coisa a Nelson Évora ele dir-me-ia logo que não tinha nada a ver, mas como uma opinião é uma opinião… É grande, um grande atleta e Nelson Évora conquistou um feito enorme neste Mundial. Deixou-nos a todos muito felizes, ainda que com aquela pontinha de “ciúme” pela medalha do Idowu, que tinha tudo para pertencer ao peito do nosso menino dourado que até teve o suposto apoio de dois australianos, um casal que se encontra duas “cabanas” ao lado da nossa, pais de uma atleta australiana que esteve presente na qualificação do dardo e que convencemos que deviam apoiar fortemente Nelson Évora…

O nosso dia não teve muito mais de emocionante, exceptuando que todos batemos o recorde pessoal de comer um hambúrguer no McDonnalds tarde, já passava da meia-noite, o que sem querer “queimar” ninguém, não foi o único grupo de jornalistas portugueses a fazê-lo, não é senhores do atletismo?... Para finalizar basta dizer que voltámos para a “cabana”, já passava da uma da manhã e quem nos trouxe até lá?! O comboio…

Dia 5: Os 800 metros "mediáticos"

Depois de um recorde daqueles “à Bolt”, este foi o dia da “ressaca” para esta equipa que acompanha o Mundial. Basicamente foi acordar ao meio-dia, para estar na pista às 13:00 para a Media Race, sendo que pelo meio precisávamos de passar pelo Centro de Imprensa, para tratar de questões técnicas.

Pois é, a equipa do Atleta-Digital esteve a correr na designada Media Race, uma prova de 800 metros que decorreu dentro do Estádio Olímpico e que a participação do Edgar, do Filipe e da Joana. O Telmo, por problemas físicos, ficou na bancada e aproveitou para nos fotografar e nos ver no ecrã.

Esta prova serviu para dizer claramente que estamos todos em baixo de forma e que ajudamos a promover o desporto, mas não o praticamos demasiadas vezes em público, que é como quem diz, não o praticamos decentemente.

Na primeira série foram o Filipe e a Joana, tendo o Filipe ganho a série com um tempo medíocre, de 2.55,13 minutos, tendo a Joana feito 4.03,92 minutos. Na terceira série (obviamente mais forte, como é visível pela qualidade que o Edgar não tem) propôs-se a bater o recorde do Atleta-Digital, estabelecido pelo Filipe uns 10 minutos antes, mas nada feito. 2.57,22 minutos foi o tempo realizado, mas ficámos todos felizes e contentes. Corremos no palco dos sonhos e da magia (espalhada pelos grandes atletas mundiais), com um dorsal idêntico aos de competição, com direito a comentários no estádio em directo e as imagens vídeo (com startlist e tudo) em directo. Temos até fotografias com o novo recorde do Mundo do Bolt, fotos sem montagem e que pouca gente terá tido esse privilégio (se o nosso fotógrafo nos tivesse já fornecido isso, teriamos hipótese de aqui mostrar).

Depois de uma vinda à “cabana”, para tomar um banho, ir às compras e preparar alguns conteúdos, foi tempo de ir até ao Estádio Olímpico, mas para trabalhar. Foi mais uma tarde de bom atletismo, mas também com os seus momentos surpreendentes e um dos fundamentais foi mesmo a desilusão da Isinbayeva, no salto com vara. Depois de ontem termos visto a face da felicidade de um campeão, hoje foi ver a cara do desânimo de uma multi-recordista. É assim mesmo o desporto.

Foi então tempo de sair do Estádio, já bem perto da meia-noite (portanto mais cedo que ontem), vir até à “Cabana”, jogar às cartas e agora acabar de escrever o diário é tempo de ir dormir, porque amanhã poderemos ter mais uma explosão de emoção e essa bem ao estilo português…

PF1

PF3

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Dia 4: O arrepio na espinha...

É no silêncio de um estádio vazio, que há momentos acolheu uma emoção estonteante, que escrevemos, tentando separar o dia desta final de 100 metros, mas chegámos rapidamente a uma grande conclusão, é impossível! Como é que podemos esquecer a visão de um atleta a correr os últimos 40 metros em 4 segundos, com uma passada de quase dois metros e meio e com mais de 4 passadas em cada segundo?!

O dia começou calmo e sereno e desta feita a equipa foi obrigada, novamente, a desdobrar-se em duas.Enquanto o Edgar e o Telmo acompanhavam em Brandeburgo a prova de marcha, no Estádio Olímpico de Berlim, a Joana e o Filipe acompanhavam as sessões matinais. Na verdade tem sido muito difícil, para toda a imprensa, lidar com esta dualidade, o que leva a que tenhamos adoptado a táctica de entreajuda, na imprensa portuguesa, aos mais diferentes níveis. Temos a dar os parabéns às marchadoras e principalmente à Susana Feitor, pela sua décima e bem sucedida edição de Mundiais.

Deu para conhecer melhor pequenos detalhes da cidade, aproveitando ainda para filmar um pouco do que temos visto, para mais tarde recordar. Temos feito desta viagem a Berlim, um misto de trabalho (e não é pouco) e turismo (faz parte também da envolvência de uma competição destas).

Almoçados, foi o tempo da "siesta".

Na sessão da tarde, acompanhar as competições e ver que o Nelson Évora se encontra numa forma impressionante e com um único “saltinho”, colocou-se na final, com uma leveza técnica que impressiona até os mais distraídos, é muito reconfortante. O equilíbrio corporal, aliado a uma capacidade fantástica e com uma velocidade de ponta impressionante, fazem de Nelson Évora um colosso dos saltos, que só aquelas fibras musculares “elásticas” percebem o porquê.

Nelson Évora

Isto, por si, já teria sido um regalo suficiente para os olhos, mas a tarde ainda não tinha terminado e com a final do peso, o excelente final do Heptatlo e fundamentalmente a bombástica final dos 100 metros, trouxeram uma cor diferente a este dia.

A final dos 100 metros é uma situação que é tão difícil de traduzir em palavras, quanto difícil é entender a velocidade de Bolt. É como se aqueles 9.58 segundos se tivessem reduzido a um único instante, a uma fotografia com som, com cheiros, com calor e com pessoas a saltar desgarradamente à frente e atrás. Decorar estas sensações é uma tarefa mesmo difícil e recriá-las é impossível. O público, que já estava emocionado das anteriores finais, tornou durante muitos minutos este Estádio Olímpico numa enorme coluna de som, com decibéis elevadíssimos, numa sensação que nunca tinha antes experimentado numa prova de atletismo. Valeu a pena passar por isto, por este momento e ver um homem “voar”, como o gesto que Bolt tão confiantemente realizou imediatamente antes da partida.

Usain Bolt

É novamente no silêncio de um estádio vazio, que termino este diário, sem antes dizer que são momentos destes que nos levam a adorar atletismo. Estamos todos siderados com um momento tão grandioso como este. Vamos até à “cabana”, para recompor, porque amanhã há mais…e com uma surpresa que só falarei no diário de amanhã.

Dia 3: Preparação física, precisa-se!

Finalmente começaram os Mundiais e a grandiosidade do evento é tão patente em Berlim, que nos tomou muito surpresos, pelo lado positivo. Desde outdoors muito bem preparados, a toda a logística em torno do estádio e a enorme capacidade de coordenação e eficácia sobre os elementos que apoiam a Organização.

O Atleta-Digital ficou ao lado de toda a imprensa portuguesa, na segunda fila do segundo anel do estádio, no enfiamento da linha de meta. Digamos que até ficámos agradados com o local e com toda a disponibilidade que existe para que façamos o melhor trabalho possível.

Infelizmente isso só ocorre ao nível da bancada porque recolher entrevistas é das tarefas mais árduas que passámos enquanto jornalistas nestes eventos. Do local da bancada à Zona Mista, a zona onde podemos entrevistar os atletas portugueses, são 130 degraus e muitos dezenas de metros para andar, o que numa estimativa dar-nos-ia cerca de 200 metros, com 260 degrau ali pelo meio, com uma ida e uma volta. Do mesmo mal sofrem os fotógrafos que além de muitos degraus precisam de carregar pesados equipamentos ao longo da pista, como foi o caso do Filipe. Se haviam dúvidas se tínhamos ou não condição física, está respondido, não temos!

Hoje foi também um dia duro, onde foi necessário estar na pista cedo (para tratar de pequenas burocracias e garantir que tudo estava pronto a tempo e horas), a meio da sessão matinal a deslocação até às portas de Bradenburgo (a cerca de 30 minutos de comboio), para pouco depois nos deslocarmos até ao hotel da selecção (mais 30 minutos, no mínimo) para uma conferência de imprensa. Terminada a conferência de imprensa foi tempo de voltar ao Estádio Olímpico para ver a sessão da tarde e pouco deu para descansar, com o almoço a ser consumido durante o caminho. Mais uma dura prova para todos os elementos desta equipa e de toda a imprensa portuguesa.

À noite (para lá das 22 horas) uma refeição merecida num restaurante italiano junto da “cabana”, mas com uma pizza que calhou ao Edgar sem “sorte”, que….enfim…era má! Todos têm de ser “roubados” alguma vez e o Edgar foi a vítima desta vez com toda a convicção. Felizmente que os os restantes membros da equipa cederam parte do seu alimento, para que ele não passasse fome.

Pizza

Almoço
A "cabana"

Ao longo do dia, pequenas coisas giras ou curiosas. O Telmo e o Filipe almoçaram num pequeno supermercado, onde o pão (muito bom), o paio e o queijo foram os alimentos predominantes. O Edgar entornou parte de uma Coca-Cola para cima das calças, o Edgar e a Joana chegaram atrasadíssimos à Conferência de Imprensa. Encontra-mos uma estação cheia de adeptos de Futebol totalmente bêbados, mais uns mendigos berlinenses a atravessaram as nossas rotas e no estádio foi tempo de ver um Bolt que até fez os quartos-finais a conversar com o adversário do lado (em plena corrida) e uma prova de 10000 metros polémica, onde as atletas que partiram do lado de fora entraram cedo demais à corda e o que aconteceu?!

Bolt
Bolt e Bailey a "gozarem" com o resto da malta... Assim parece fácil!

Os resultados ficaram iguais. Ah, já para não falar que estes alemães são requintados na forma de obrigar os jornalistas a entregar as suas garrafas de água (ao início paga-se 50 cêntimos e se entregarmos as garrafas, devolvem-nos os 50 cêntimos.

A inspiração do dia de hoje foi pouca, com o cansaço a ser grande e com alguns problemas de ligação de internet aqui na “cabana”, que nos retiraram outras inspirações. É esta a aventura de um jornalista e o treino de força continuará a ser feito, até para uma prova de 2ª feira…

sábado, 15 de agosto de 2009

Dia 2: Os mendigos de Berlim

Depois de um dia de “aclimatação” (por cada fuso horário manda a regra um dia de descanso), a equipa de Berlim esteve hoje a conhecer um pouco mais da cidade, principalmente na ida até ao hotel da selecção nacional.

A descoberta de uma cidade como Berlim encerra em si um grande desafio, valendo uma excelente rede de transportes que nos leva a todo o lado, inclusivamente ao hotel da selecção, que fica muito longe do estádio (30 minutos) e numa zona sem interesse cultural, artístico, comercial ou qualquer outra coisa que possa ser imaginada. Como dizia alguém da selecção “aqui não há atleta que se estrague” e assim parece…

Foi num desses momentos de tédio à procura de um sítio para almoçar, que encontrámos o Bio, um pequeno café/mercearia de vegetais com uma simpática alemã que sabia falar inglês (sim, nem sempre tem sido uma tarefa simples). Acabámos por comer um wrap com um género de molho de tomate, acompanhado de uma salada regada com vinagre doce (foi o que nos informou a nossa caloira, a Joana).

Almoço

Saímos satisfeitos desta refeição, para uma ida até à conferência de imprensa. São muitas as nacionalidades que lá andam e o sistema de segurança é apertado, para que nada nem ninguém possa incomodar a calma dos atletas, um facto que tem agradado principalmente aos responsáveis de equipas e treinadores, mas também aos atletas.

Foi tempo de voltar ao Estádio Olímpico e aproveitar para trabalhar tudo o que temos como missão por aqui. Ao longo do caminho fomos acompanhados de um fotógrafo da Lusa e feitas as contas, Portugal contará com pouco mais de 10 elementos de imprensa, já a contar com os quatro elementos do Atleta-Digital. São os do costume, aqueles que já conhecemos de várias competições…

Pelos caminhos feitos de comboio, vão sempre acontecendo coisas engraçadas. A mais engraçada de hoje foi sem dúvida um mendigo gozar claramente com um riso inocente do Filipe, ao não perceber as suas palavras, rindo desgarradamente na sua cara, para espanto de todos. Digamos que foi um momento embaraçoso para o nosso caro administrador, que viajava tão pacatamente no seu banco de comboio. A outra foi um momento de fúria entre mim (Edgar) e o Telmo, que rasgámos todo o mapa que nos iria conduzir à festa de abertura destes Mundiais. Deixámos o mapa em bocadinhos (e ele bem que nos fez falta mais tarde).

E foi exactamente no caminho para esse local, a porta de Brandenburgo (tradução para português perfeitamente livre) que nos deslocámos para ver a festa de abertura. Uma excelente festa onde numa tasca portuguesa não se falava português, onde numa bancada para imprensa, não nos deixaram estar, onde numa bancada para oficiais fomos erradamente sentar e numa entrada para público em que nos barraram entrada (Ok, percebemos mais tarde que aquilo era a entrada para figurantes do espectáculo e comitivas). A festa foi boa, teve espectacularidade e honrou perfeitamente a dimensão destes Mundiais, com o público berlinense a aderir em massa e quando assim é...que se pode dizer?! Apenas que o fogo de artifício conseguiu deslumbrar ainda mais!



Na saída insistimos na proibição de sair pelo lado das comitivas, mas pelo caminho quatro cervejas para os quatro elementos do Atleta-Digital (a 4 euros cada uma, com 50 centimos de "desconto" se devolvêssemos o copo… É de ficar pasmado e de boca aberta, ainda por cima uma cerveja com péssimo gosto alcóolico. Estes foram os únicos "mendigos" a quem a nossa "pobre esmola" foi dada e mais valia ter dado uma esmola a um pobre cantor que andou a cantarolar Bob Marley no comboio, que pagar por aquela cerveja estranha…

Foi ao fundo da avenida que o mapa nos fez a falta, o que levou a Joana ao desespero, o Filipe à impaciência e a mim e ao Telmo um enorme gozo de juntar papéis rasgados em busca de uma estação perdida.

Lá encontrámos retorno para a "cabana" e viemos até a uma salita que tem uma internet mais estável que a apanhada na "cabana", mas não tarda os sonos vão entrar na hora para que amanhã entremos no dia de competições fresquinhos e com toda a vontade de mostrar a competição para Portugal.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Dia 1: Berlim, a cidade das muletas!

Vivos, sãos, salvos e alojados, é o estado da equipa do Atleta-Digital que acompanhará estes Mundiais. Não houveram atrasos, não ficámos sem malas, não ficámos à porta do alojamento (vejam o que aconteceu recentemente a enviados especiais na reportagem "Black Jack", http://atleta-digital.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2547), tudo certo e direito.

As viagens correram de forma sossegada. A saída da Portela foi realizada perfeitamente a horas num voo da Lufthansa, com um bom pequeno-almoço servido a bordo, com destino a Munique, onde foi feita escala. Antes de embarcar para o voo que nos ligaria de Munique a Berlim, foi tempo de conhecer um pouco do Aeroporto, verificar a quantidade de jornais gratuitos que se podem ler (infelizmente quase todos eles em alemão) e beber o chá ou o café totalmente de borla.


No ingresso do voo para Berlim, calhou em sorte aos portugueses presentes (quatro enviados especiais deste portal, mais dois ilustres elementos da Selecção Nacional), ficar na fila para deficientes, o que ainda deu uma risota para uns bons minutos e o nosso amigo Arons de Carvalho (na fila da frente) a gozar o panorama no seu modo de estar muito característico.

Chegados ao Aeroporto de Berlim, foi o tempo de esperar pelas malas, que apareceram num "encore" de malas, depois de já ter passado uma placa a dizer que não circulariam mais malas, tendo mesmo a passadeira das bagagens parado. O "encore" ditou que acabássemos por ter direito às malas que trazem tudo o que precisamos para tantos dias em Berlim (ufa).

Logo à saída das portas, um elemento da Organização indicou-nos o local onde teríamos de apanhar o autocarro para as acreditações e com os simpáticos voluntários (neste caso, voluntária, a famosa Annett Hoffmann lol) a informarem-nos de quando a quando, o tempo de chegada do próximo autocarro.

Acreditações feitas, num espaço anexo ao Estádio Olímpico de Berlim.

Berlin Stadium

Foi tempo de nos dirigirmos ao local onde está a ser escrito este texto, um conjunto de Bungalows a cerca de dois quilómetros do palco das competições. Foram penosos minutos com toda a carga atrás (não bastava a bagagem do avião e trazíamos também uma mala ofertada pela Organização), mas que um prévio reconhecimento do percurso não nos levou a caminhos errados ou a circunstâncias estranhas (como em Valência ou Turim). Neste anexo à pensão Rotdorn, os turistas da pensão e os funcionários não são os únicos residentes deste local, também encontrámos alguns pequenos amigos :)

Esquilo

O Bungalow é tudo o que precisamos, um espaço para descansar e até com possibilidade de cozinharmos pequenas coisas (com frigorífico e tudo). É uma excelente relação qualidade-preço e sem dúvida mais uma aposta ganha para acompanharmos estes Mundiais.

Ao almoço o belo "hot-dog" foi a refeição perfeita e à noite, numa incursão à cidade, a procura do famoso "M" levou-nos até perto do Jardim Zoológico de Berlim, um dos principais centros de movimentação de pessoas desta enorme cidade (só o avião nos deu essa perspectiva de uma cidade absolutamente gigante). O que reparámos, enquanto fomos fazer umas compras domésticas e em todos estes trajectos, é o pouco tempo que dão aos peões para passarem nas passadeiras (em passo normal o vermelho cai para os peões antes de atingir o outro lado da estrada), o que nos leva a ter dúvidas das possibilidades que um velhote de muletas tem de passar estradas, sem ser atropelado ou buzinado. É algo que nos intrigou, mas que prometemos "investigar" durantes estes dias por cá.

Nesta incursão nocturna também nos deparámos pelo caminho com um Museu Erótico, onde o sr. Edgar ficou deslumbrado com tais objectos que se encontravam dentro da loja. Já o Telmo demonstrou o desejo de adquirir a trilogia do famoso Pirata das Caraibas (versão XXX LOL).

Museu Erótico

Pelo meio, fizemos os preparativos da "cabana" e de algumas tecnologias que teremos de utilizar aqui e também no acompanhamento desta edição do Mundial para Portugal, naquele que pretendemos que seja o maior acompanhamento online da participação portuguesa em competições internacionais de atletismo.